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A Palavra do Presidente – FEVEREIRO – 2012

Fevereiro de 2012
O modelito de democratizar
a crueldade e o sofrimento nacional

Especialmente para nós, trabalhadores nas telecomunicações neste País, este é um momento de nova reflexão e constatação de que, mais uma vez, estamos diante do desmonte da coisa pública, do desmanche e liquidação do que é nosso, do povo brasileiro.

Falamos desta vez, do início da privatização dos aeroportos e da aviação civil do Brasil, com partida neste mês de fevereiro (dia 6), na Bovespa, momento em que se negociou os aeroportos de Guarulhos, Brasília e Campinas, por 24 bilhões de reais. O tamanho do dinheiro não cabe no nosso bolso, é verdade, mas consiste numa bagatela para os grandes negociantes deste mundo de ninguém.

Como nos idos de 1998, quando entregaram a preço de banana o Sistema Telebrás aos grupos privados multinacionais, agora chegou a vez da nossa aviação civil.

O que chama a atenção é que desta vez o protagonista desta faceira liquidação de verão no melhor estilo liberal, é o atual governo, tendo como signatários – imagina-se – todos que constituem a chamada base aliada, muitos destes integrantes ferrenhos críticos das privatizações de governos anteriores.

Para nós trabalhadores o que importa são os fatos ou os gestos que dão conseqüência a estes fatos. Que partido foi, que político foi, que aliança se formou, está formada ou se formará, pouco diz ao dia-a-dia dos brasileiros assalariados, que têm ou não carteiras profissionais assinadas.

O que realmente vale para nós da Classe Trabalhadora deste País é para quem interessa a privatização dos aeroportos e da aviação aérea nacional? O que vai acontecer com os milhares de trabalhadores do sistema? O que vai acontecer com este mercado de trabalho? Os empregos, a estabilidade, as condições de trabalho, as garantias de qualidade dos serviços. Como isso tudo ficará?

Provavelmente, dirão que a Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC vai garantir tudo isso, como não vem fazendo até aqui, aliás, como não vem fazendo, também, todas as demais “agências reguladoras”, criadas como verdadeiros lobos “cuidadores” de ovelhas. É patético!!

Como aconteceu com as telecomunicações, precisamos lutar e tentar evitar que o sistema todo se contamine com a precarização das condições de trabalho das diversas categorias profissionais, levando-se em conta a qualidade dos serviços, os planos de carreira, os salários oferecidos e os benefícios conquistados pelos trabalhadores deste setor.

A Copa de 2014 parece ser a grande cortina de fumaça para este e outros assaltos ao bolso e ao patrimônio público que vêm por aí. Explica-se tudo – como no caso das nossas telecomunicações – pelas delícias da livre iniciativa, da competitividade, da modernidade advinda de fortes investimentos transnacionais que transformariam nossos aeroportos. Tudo engano!

O plano parece muito com a mesma estória da carochinha da telefonia fixa e móvel: primeiro engessam o sistema, não permitem os investimentos necessários, amarram os controles de qualidade, deixam que o sistema caia em “bocas-de-matildes” e, assim, prepara-se o bom discurso da venda, da privatização.

É um modelito quase perfeito, não fosse um filme bem conhecido dos brasileiros que hoje sofrem, por exemplo, com uma telefonia débil, de qualidade duvidosa e com enorme precarização e sofrimento para os trabalhadores que sustentam todo o negócio de espetaculares lucros e péssima satisfação entre seus usuários.

Quem ainda tiver dúvida, pergunte a um cliente de celular, de telefone fixo, de banda larga ou transmissão de dados em geral, o que acham?

Uma falsa democracia, agora, também chega aos aeroportos. Como antes, vão democratizar um pouco mais a crueldade e o sofrimento da Classe Trabalhadora e da sociedade brasileira.

Até quando vamos suportar tamanho descalabro?

Sergio Domingues da Silva
Presidente do Sinttel-SC

 

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